sábado, 26 de abril de 2014

Flores pra quem me entende

O que não é a interpretação, não é, minha gente...
Eu que estudo e lido com ela há um tanto de tempo,
E ela ainda me surpreende...




É essa mania nossa, de assumir
E presumir o que o outro pensa
Ou pensou ou quis dizer
Ou disse, e quis falar
Mas não falou
Supor, repor, que dor...
São leituras dos indícios
Um símbolo representando o pensamento
E convenhamos, não tem jeito
Não tem por onde...

Aí, vamos lá,
com toda nossa ansiedade
felicidade
se desaba
como uma pétala
despedaça
cravo e rosa
mais pra rosa
maldita rosa...

Que nada!
Errada estava!
Era apenas... espera...
O que será que era?
Pára, não erra!
Não se interpreta!
Pétala é pétala
Palavra é palavra

É que essa aí interpreta preto no branco
Sonho de tango
Quanta imaginação!
Poucos entendem
Muitas compreendem

O que é
Não sei
Não saberei
Nem interpretarei
Deixe estar
Deixe ser o que é
Uma imagem, maldita
Porque, amiga, confessa, você também nela não acredita

Então que seja
Que não seja
Que ame
Que desague
Que espere
E que a resposta nunca venha

São dessas coisas que a vida nos traz para esperarmos o dia de amanhã
Como uma história que se conta as crianças ao anoitecer
Mas se adormece
E só continua quando for hora de dormir de novo
Até lá, é só sonho (ou pesadelo! Maldita rosa!)


A solução: olho no olho
Desculpe-me carteiro, quero entender o remetente...
O que pensava seu coração quando isto me enviou?

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Meu escafandro visual



Esse ano muita coisa surpreendeu
Não é necessário contabilizar
Nem adjetivar
Sequer tentar explicar ou entender
Acho que tenho lidado como o Alberto Caeiro:
Sem dar nome às coisas
Porque senão elas param de ser o que são -
Simplesmente -
E se limitam ao nome dado.

Não se deve explicar
Deve-se ver

Esperam que você vista
As palavras como roupas
Que caracterizam
Caracteres impalpáveis.
Escafandro
Para um mergulho
sem contato
Ou mobilidade
Sem tanger o natural
Mas invista na vista

É que passa um tempo e você vê
Que as coisas são coisas
Não porque as entende
Não porque as domina
Mas porque as olha
E, olhando-as, as percebe como as coisas que são.
Sem julgá-las
Deixando-as ser
E isso basta.
Traz paz
Porque o que se vê é o natural
E a natureza do natural é bela
E o natural da Natureza é Verdade
Simples assim

Mas, aí me vem um extinto
Uma reação
Que corre e, sem cuidado, recorre
Vem com vida própria
As vezes por ser uma coisa
As vezes por ser assim.
É o pensamento - se é que ele existe no singular
E pode ser limitado nessas dez letras
Desse nome que lhe foi dado.

“Qual o limite da minha relação com as coisas?
Até onde minha atuação vai ou deve ir?
E a Tua ação?
Até onde eu alcanço?”

E então parei e vi
Apenas vi
Porque no só ver
Está a simplicidade das coisas
O equilíbrio
O Natural
O pensamento como é
A natureza
As coisas como são:

Fora dos nomes
Dentro das vistas
Limitadas
Não só pelo nome,
Pela essência
Do que é o nosso ver

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"Acredito no Cristianismo como acredito no Sol. Não porque eu o enxergo, mas porque eu posso enxergar tudo através dele" -  C.S.Lewis


"A luz é agradável, é bom ver o sol." - Eclesiastes 11.7