Deixo tudo pendente
Dente do siso
Botão da camisa
Ponta do lápis
Deveres na mente
Permanecem por fazer
E eu,
Sem o mínimo querer
Fica pendente
Visita a amigos
Que não avisto
E tão longe da vista
Persisto
Em deixar que fiquem
Pendentes
Livros a ler
Cartas a responder
Louça a lavar
Hobbies a aprender
Passagens a se comprar
Postergo
Não nego
Que o que me olha
Me cobra
Mas tudo isso que sobra
Não quero fazer
A vida é tão curta
Mas tão longa
Nesses minutos que eu vou levando
E arrastando
Tudo
E todos
Os concertos da roupa rasgada
Da peça da máquina
Da conversa inacabada
Do contato rompido
Não vai dar tempo
De fazer tudo
Então faço
Menos ainda
A pesquisa a se fazer
O curso a se tomar
Os sapatos a se calçar
Mas o que se quer é estar em paz
Com o que se sabe
Com o lugar onde se encontra
E com os pés descalços a dançar
Então penso no mar
Ele me vem
Sem eu ir a ele
Tão amplo
Tão verdadeiro
Mais que qualquer outro paradeiro
De vida que há
Se Universo pedisse
E a obrigação exigisse
Um sequer movimento
Juntaria energia só para uma coisa alcançar:
Levar-me pro mar
onde eu possa deixar
Pendente
No ar
Roupas a secar,
[enquanto estou no molhado]
Vento a soprar,
[enquanto me abrigo no azul profundo]
Sol a castigar
[E eu ali, protegida de todo o mundo...]
[Sem fronteiras
Sem limites
Abundância
Extravagância
Só beleza
Que riqueza!
Sem peso
Sem culpa
Sem pressa
Sendo só
Uma sou
Só mais uma
Ocorrência
A borbulhar
- que a corrente venha me buscar, pode me levar!]
E foi o que me ocorreu...
Enquanto corri - alcancei
Mas logo que entreguei - recebi,
A troca na qual pouco dei...
Mudou meu olhar
Meu ser
Meu ver,
Do lindo show verde
Trouxe-me à infinidade do azul:
A aurora pelo oceano
do frio pro calor
da neve pra areia
do exposto pro cercado
da mais alta montanha pro nível - equilibrado - do mar
Dizem ser o céu, Seu lar
Mas Seu sétimo dia não deve ser lá...
Meu sonho era as luzes avistar
Seu abraço foi o meu mergulhar
Eu fui para longe
E vieste bem perto
Tocar-me, envolto
Comecei a sentir e não mais só ver
Aproximação
De amor...
Superação da mais fértil imaginação
Foste muito mais
Além do que eu podia desejar...
É que o que vemos é vista
O que experimentamos é vida
Mas o que contamos é linguagem,
É discurso, é descrito
- às vezes, grito -
E já não é realidade
É interpretação
Não é por acaso
Que do nada
Faço pouco caso
Do que tenho que fazer...
É que só quero saber
Do que já está feito
E perceber que o que preciso
Eu já tenho
Vejo a janela
Esqueço o batente
Meu descanso me espera
E o que for vaidade
Que fique pendente!
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Nuvens
Nuvens
Vão as nuvens
As imagens que eu guardei pra mim
Nuvens claras, sentimentos
Transparentes ondas de emoção
Ondas
Som das ondas
Carruagens pelo mar sem fim
São viagens, são momentos
Que passaram e que não passarão
As minhas canções inacabadas
Vão ficar como folhas no vento
Cruzes na beira da estrada
Quando cessar em mim a energia,
o movimento
Mais do que cruzes, pousada
Mais do que abrigo, alimento
De uma aventura desenfreada
Da minha breve estrada
São os melhores momentos
Viajante, não lhes peça nada
Além de esperança e alento
São folhas, são cadernos, são palavras
São indecifráveis madrugadas
Deixe-as seguir no vento.
Fontes
São teus olhos
Diamante que eu sonhei pra mim
Mas são nuvens
Vão no vento diferentes
Os nomes da paixão
Nomes de pessoas
De lugares nas esquinas dos amores
vãos
Vão ciganos
Nuvens claras
Que passaram e que não passarão
Tudo que faz o amor valer
Faço virar canção
Se você nem quiser me ver
Faço você cantar
(Flávio Venturini)
Vão as nuvens
As imagens que eu guardei pra mim
Nuvens claras, sentimentos
Transparentes ondas de emoção
Ondas
Som das ondas
Carruagens pelo mar sem fim
São viagens, são momentos
Que passaram e que não passarão
As minhas canções inacabadas
Vão ficar como folhas no vento
Cruzes na beira da estrada
Quando cessar em mim a energia,
o movimento
Mais do que cruzes, pousada
Mais do que abrigo, alimento
De uma aventura desenfreada
Da minha breve estrada
São os melhores momentos
Viajante, não lhes peça nada
Além de esperança e alento
São folhas, são cadernos, são palavras
São indecifráveis madrugadas
Deixe-as seguir no vento.
Fontes
São teus olhos
Diamante que eu sonhei pra mim
Mas são nuvens
Vão no vento diferentes
Os nomes da paixão
Nomes de pessoas
De lugares nas esquinas dos amores
vãos
Vão ciganos
Nuvens claras
Que passaram e que não passarão
Tudo que faz o amor valer
Faço virar canção
Se você nem quiser me ver
Faço você cantar
(Flávio Venturini)
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Continência
Ao que pertencer
Todo mundo quer saber
Seja a uma terra
Seja a um abraço
Essa saga não se nega
É o desejo de se estender
É a vontade de caber
Em algo que contenha
O que não há de se conter
Contigo
contida
cativa
contenho
coração contente
Comigo
caminhas
continente adentro
Percebo
Sou Cabo por Ti
Pois só caibo em Ti.
Todo mundo quer saber
Seja a uma terra
Seja a um abraço
Essa saga não se nega
É o desejo de se estender
É a vontade de caber
Em algo que contenha
O que não há de se conter
Contigo
contida
cativa
contenho
coração contente
Comigo
caminhas
continente adentro
Percebo
Sou Cabo por Ti
Pois só caibo em Ti.
Ponto final
Eu tenho problema com pontos finais
Às vezes é por isso que eu escrevo em versos
E as palavras ficam como em um penhasco
À espera do que virá abaixo
As palavras me caem bem
Mas sempre me fica o sentimento de vírgula
Como se o que eu escrevo ainda não fosse o que é
E o que eu quis dizer ficasse pendurado
Pendente
Pedindo
A que se prende
O que compreende
Aí eu me postergo toda
Me distraio na rima
Brinco com uma palavra
Leio, releio, reviso e escrevo
Só pra não chegar ao fim...
Porque eu tenho um problema com pontos finais
Eu sempre deixo que eles existam em trios
...
Como se um só fosse se sentir sozinho e precisasse de companhia
E me resta a véspera, os segundos que precedem
E alimentam todo tipo de ansiedade
Como se tudo que eu quisesse fosse saber onde o ponto há de ser posto
A sós
E quando ele chega, eu sempre dou um jeito
Troco-o por uma exclamação, ou interrogação
Só pra dar mais emoção
É que me aperta o peito
O fim e o silêncio
E então, eu desfecho
Sem usá-lo aqui
Ali
Assim
Às vezes é por isso que eu escrevo em versos
E as palavras ficam como em um penhasco
À espera do que virá abaixo
As palavras me caem bem
Mas sempre me fica o sentimento de vírgula
Como se o que eu escrevo ainda não fosse o que é
E o que eu quis dizer ficasse pendurado
Pendente
Pedindo
A que se prende
O que compreende
Aí eu me postergo toda
Me distraio na rima
Brinco com uma palavra
Leio, releio, reviso e escrevo
Só pra não chegar ao fim...
Porque eu tenho um problema com pontos finais
Eu sempre deixo que eles existam em trios
...
Como se um só fosse se sentir sozinho e precisasse de companhia
E me resta a véspera, os segundos que precedem
E alimentam todo tipo de ansiedade
Como se tudo que eu quisesse fosse saber onde o ponto há de ser posto
A sós
E quando ele chega, eu sempre dou um jeito
Troco-o por uma exclamação, ou interrogação
Só pra dar mais emoção
É que me aperta o peito
O fim e o silêncio
E então, eu desfecho
Sem usá-lo aqui
Ali
Assim
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Ops!
Tropeço
Me erro inteira
E o tempo só me olha
De canto de olho
Tornando mais doloroso
O cantinho do dedo
Que bateu na quina
Na pedra
Naquilo que me fez
Tropeçar
Agonizar
E
Tropeço
E progresso
Sem regressar
Pois enquanto eu erro
Em passos incertos
Espero Naquele
Que me está a moldar
Tropeço
Mas não ando sozinha
Tenho Quem me ampare
Pra que eu jamais pare
De caminhar
Tropeçar é humano
Tropeçar é preciso
Tropeço, logo aprendo
E se caio, levanto
E se dói, eu aprendo a me cuidar
E se desisto, há esperança a me esperar
E eu não troco, meus tropeços
Meus tombos, meu jeito todo torto de ser
Meu desastre, meu desequilíbrio
Pois é com eles que cresço e amadureço
O que eu tenho que ser
Reaprendo
O caminho a percorrer
E conheço
Quem me ensina a viver...
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
Sono
Sono
Que sono
Apago
Desmaio
A pálpebra me pesa
Me fecha
A visão
Mas me abre
Aos lares
Onde os sonhos estão
Sono,
Que sono!
Meu corpo quer cama
Minha saga me engana
Me faz resistir
Me força a firmar
Os olhos na tela,
As mãos na panela
Ou os pés no pomar
Não importa o que faça
Porteiro, padeiro,
Secretária, engenheiro
Na hora que vem
Não importa o que faça
O mundo não para
Mesmo que queira dormir
Oásis "no more"
A frustração me traz inspiração pra lhe dizer o que eu sinto
aqui dentro,
o que carrego em meu peito,
e que está entre linhas nessas frases com
palavras que jorram sem fim.
A perdição passou aqui,
quis levar-me a sanidade,
quis apressar-me à vaidade,
fazer minhas pernas correrem,
minha ansiedade
aumentar.
Sai daqui.
A solitude é meu refúgio,
porque vens mi’a calma roubar,
dentro, a alma atormentar?
Queres de mim minha adoração,
minha devoção e
idolatria,
hás de emergir em mim
toda essa porcaria...
Pois bem estava,
mas sei
que há paz quando me refugio em perceber
que tudo o que quero
eu já tenho
e o
que suscitas
é pura altivez,
um desejo supérfluo,
um oásis ao passageiro,
que
não sou eu,
Beija-foi
Um beija-flor saiu para passear,
Levou consigo todas suas cores e amores
Passou por todas flores
Escolheu a mais bela
Lhe deu um beijo
Partiu
Ali mora a verdade
Ali reside a realidade
Como num bater de asas
Nada se pode pertencer
Nada se pode possuir
Na natureza não há compromisso
Só resquícios do que que é viver
Do que é voar
Do que é ser, sem se prender
Do que é amar sem esperar
Em meios a euforia de suas asas
Da agitação de seus voos
Em meio a suas paradas
Ele deixa um pouco de si
E leva o que lhe interessa
O doce sabor do que se prova
O gosto doce da experiência
Do encontro
Do que agora, é só vivência
E lembrança
Sem esperança
Só privilégio
Sem cobrança
Foi-se amor
Lá à flor
Lá à flor
Foi-se
Assim como
Veio a ser
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