Ontem li uma reflexão que respondeu a dúvidas constantes, daquelas que temos cravadas na alma.
Arriscar e tentar? Resistir e manter conforto?
Ontem ouvi também uma reflexão que me mostrou uma perspectiva totalmente diferentes de enxergar os planos de Deus.
Nem tudo que é bom, é agradável.
E nem tudo que é agradável é bom.
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Em um episódio do livro de Rute na Bíblia, Noemih perde marido e filhos e, então, recomenda que suas duas noras a deixem e que procurem voltar a casa dos pais, onde poderiam reestabelecer suas vidas, casar de novo etc. Eis o que acontece:
Elas então começaram a choram bem alto de novo.
Depois Orfa deu um beijo de despedida em sua sogra, mas Rute ficou com ela.
Então Noemi a aconselhou:
"Veja, sua concunhada está voltando para o seu povo e para o seu deus. Volte com ela! "
Rute, porém, respondeu:
"Não insistas comigo que te deixe e não mais a acompanhe.
Aonde fores irei, onde ficares ficarei!
O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus!
Onde morreres morrerei, e ali serei sepultada.
Que o Senhor me castigue com todo o rigor,
se outra coisa que não a morte me separar de ti! "
(Rute 1:14-17)
Esse trecho mostra a nossa necessidade de fazermos escolhas.
Não escolher ou fugir de uma escolha é uma escolha.
Noemih não tinha o que oferecer a suas noras viúvas. Orfa permaneceu um tempo com Noemih, mas depois fez a escolha de voltar e buscar a segurança da casa de seus pais e uma possível nova família. E não há nada de errado nisso. Foi uma escolha prudente, uma boa escolha, através da qual ela estaria segura e garantindo seu futuro e felicidade.
Entretanto, muitas vezes não escolhemos o que devíamos porque escolhemos baseados na nossa segurança pessoal. E o perigo disso está em esquecer que Deus é nosso real abrigo.
Rute faz uma escolha difícil: mesmo sem o vislumbre de um futuro recompensador, escolhe ficar com sua sogra. Uma escolha bem complicada. O que aconteceria a elas e o que seria delas, ainda mais na cultura em que viviam?! Rute escolheu um caminho permeado por insegurança. Escolheu por amor a sua sogra, sacrificar seu conforto, estar ao lado de alguém amargurado sem nada a lhe oferecer. Um caminho cheio de incertezas e desafios.
Mas não há melhor lugar para se estar senão onde Deus está, ainda que não seja o mais agradável a nós.
Nem tudo que é bom é agradável. E nem tudo que nos é AGRADÁVEL é BOM para nós: tomar injeção é agradável? Não! Mas é bom para nossa saúde em algumas situações. Ter a sensação de prazer por drogas ou bebida é agradável? Sim! Mas definitivamente não é bom.
Mas quando lembramos de Romanos 8:28: "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.", aí, ao diferenciar o que é bom do que é agradável, entendemos de uma maneira diferente os propósitos de Deus para nós e como escolher o caminho que trilhamos.
E é por isso que eu só quero estar onde Deus está. Meu conforto vem em descansar e saber que Ele é meu abrigo. Ele me guiará. Espero conseguir permanecer nesse caminho de escolher estar onde Ele está e não simplesmente um caminho baseado na minha segurança pessoal.
E essa música veio a mim :) (Desculpem a qualidade do vídeo - montagem, imagem etc. - não achei nenhuma melhor no youtube)
É, é o que dá vontade de falar.
Não seria tão mais fácil se pudéssemos falar isso e, assim, o nosso problema desapareceria sem que a gente sofresse ou sentisse qualquer coisa depois?
Eu não quero mais.
O que acontece não é o que eu quero, não é o que eu sonho, não é o que espero.
Eu não quero ver isso.
Eu não quero viver isso.
Eu não quero.
Pensando nisso, notei que o fator complicador são as pessoas.
Não como quem complica as coisas, mas a razão pela qual não conseguimos muitas vezes falar "Eu não quero isso". São por causa delas que nos apegamos, que freamos nossa língua quando esta frase está pronta para sair da boca. E isso é bom!
Mas, por que pensamos tanto nos outros?
Não digo sobre pensar no que acham ou deixam de achar, do tipo "o que pensarão de mim", mas por que pensamos tanto no que nossas ações acarretam na vida dos outros e, com o apego a eles, tememos nos magoar?!
Sei que o sentimento de empatia não é marca da nossa atualidade, nem da nossa sociedade. Somos individualistas, mas somos também afetivos.
Por que eu não consigo simplesmente desconectar este plug?
É por que não é uma TV, óbvio: é um ser humano, alguém que amo, preso, cuido e me apego.
Mas meu sentimento de "eu não quero mais ver isso ou conviver com isso" ou "eu não quero assim, não é o que eu espero" agora pesa sobre mim, pesa em lágrimas, pesa sobre os ombros como responsabilidade, pesa como aquele passo perto do precipicio. Basta uma escolha, uma palavra, um gesto, um vacilo e se perde o que se conquistou, aonde se chegou e tudo o que aconteceu. Fatos estes aos quais me apego, não à história, mas a pessoa, porque amo. Amo muito. E até completaria com um "tudo isso".
É como se eu não entendesse nada na verdade, e só quisesse ver aquela luzinha verde para continuar a caminhar.
Eu só queria que Deus me desse um sinal, verde de preferência, para eu continuar a caminhada.
Mas enquanto tô no laranja, eu espero, espero.
E espero nunca ficar vermelho!
Por isso que o ser humano é relacional. Ele não consegue viver para si mesmo apenas, por mais egocêntrico que seja - ele se compara aos outros, ele se envolve com os outros. E quando eu falo "Eu não quero mais", eu na verdade digo "eu quero uma luzinha, uma esperança, um vislumbre de que tudo vai dar certo, quero a solução, agora, se possível, rápido", implorando com todo o meu coração.
Porque por parte me canso e, por outra, descanso - não quero também mordomia, porque a vida é minha e eu quero vivê-la.
Amo demais.
Mas também espero demais.
Essas expectativas, esses anseios... eu também não quero mais!