DO INÍCIO
Possível recordar?
Talvez as mais velhas histórias definam
Refinam e reafirmam
Em competição com o desapego natural dos acontecimentos
Em cada um
Um recomeço? Não.
Vários!
Depois do abraço
Nas despedidas
Todo e cada dia
Alegria
Todo e cada dia
Alegria
Em meio à trilha,
Não é possível reiniciar!
Cada passo é start de momento
Depois do feito
Do efeito, da confusão
Depois da lágrima no ombro irmão
Curando a falha, ferida aberta
Do coração
Recomeçamos, cada respiro
Cada e qualquer evento
Era bom te ter irmão
Era e é
Não terá sido
Nunca será
Em vão
Quem dera a Era à nossa geração
Se era Eva e Adão ou explosão
Só certo sou
Nada começa em vão
DA EUFORIA
Gritos repletos
De peito cheio
Com peito aberto
Muita Luz
E escuridão
Muita Luz
E escuridão
O mundo é nosso
O riso é puro
A vida é bela
Após votos, só comemoração
Se é o que resta, então é festa
Nisso somos bão!
Entorpecidos, lembro os sorrisos
Relembro a farra
Falha à memória
Fica o que importa no coração
Sei que ao lado tinha você, irmão
Em todos os pecados - se assim chamam
Em tantos desastres, corria e ria
Quando tricoteiei
Aquele céu, os doces
Tão doces
A roda, o violão
As mesmas músicas
O suspensório, o lustre, os brindes
Sinceros, veros
E a companhia
Que nos flutua
Todo o resto some
O mundo gira lá longe
A noite sempre se alonga
Até virar manhã
Satisfeitos de termos sido reis
Com tanto e tão pouco em nossas mãos
Divagação
Riso e sorrisos
Juventude em cena, filme real
O mergulho e os caldos
A implicância e a tolerância
As brincadeiras, o colo
O falar em vão
Lá, bebemos
Festamos
Caímos
Revemos
Revivemos
E temos agora
Saudade, então.
DO PAVOR
Qual o valor da vida?
Aprendemos naquele dia
Naquela noite
Paz em tormento
Na prática, a teoria
Alguns olhos se cerram enquanto outros esbugalham
Nos segundos que prosperam, ação inesperada
Atitude e paralisação
Acalmante e confusão
Juntos, terror
Completos, repletos de temor
Pela vida, amigo
Tua vida, irmão
Perco tudo, não você
O coração à boca
Em teu braço desmorono
Até então eu era feita torre
Só com você fraca me deixei ver
O que é riqueza?
No pavor descobrimos
Era te ter vivo, querido
Em conjunto, vimos
Sobrevivemos, além de verdadeiramente viver.
DA SIMPLICIDADE
É carne e pão
Pilhas de lata no chão
Ou culinária em teste
Isso ou aquilo que sempre repete
Ou culinária em teste
Isso ou aquilo que sempre repete
Algumas frases ficam
Outras deixo no porão
O que é felicidade?
Se é o caminho
Foi nossa trilha
E a alegria, qualquer acontecimento
Que distraía
A paz, a satisfação
O calor do Sol
Da corrida
Da fogueira
Da manta
Do susto
Do medo
E de qualquer repreensão
Que não limita, é bem-vinda
E vê se qualquer dia
Me liga
Vamos marcar
E o tempo passa
E o tempo escassa
Antes era só estar junto
Na rua, na casa, na praça
Em aventura ou em um descanso bom
Era estar perto
E somente isso
Nunca só
Acontecia
DO CHORO
Das vezes que o chão sumiu
Que o mundo apagou
E a fé perdi
“Pra quem eu ligo?”
Sempre você
A mente previa
O timbre era a notícia
E o silêncio, o coração
Você estava lá
Sempre esteve lá
Todas as vezes
Eu olho e lembro
Mal me enxergo
Sou cego
Mal me enxergo
Sou cego
Vejo sua imagem e sossego
Traz sossego
Traz sossego
Na dor em que eu me perdia
Na força que se esvaía
No problema sem solução
Com esperança ou não
Você abria sua alma
Em koinonia
E nela eu também cabia
Com toneladas de tristezas
Desespero, soluços e emoção
Você viu, ouviu
A vida não se tornou fácil, agora não
Mas difícil, mais difícil
Sem perceber, impossível
Como agora incapaz duvido,
Se ainda te terei e também poderei estar por ti em prontidão?
DA INCONSTÂNCIA
Sem cobrança
Com você sou quem sou
E te deixo ser
Puxo uma cadeira
Falo um fato passageiro
Qualquer palavra, qualquer entreter
Te ver é presença
Acompanhar melodia
Quem diria?
Não previa à mesa te ter
Tradição, costumes
O natural que construiu
Isso que nos faz ser o que somos
E ter o que só junto temos
Carregamos o que queremos
De um jeito ou de outro é leve
Meu peso ponho em sua balança
Eu me perco, e você dança
Um dia ou outro
Ou todos
Um horário ou toda hora
Pouco importa
É tarde, é cedo
Se eu contar, não seria segredo
Ora é, ora não é
Mas que seja
Assim, perceba
Que sendo ou não
Estando ou não
Correndo então
Posso dizer sem remedir
E sorrir do que um dia disse ou fiz
E você não me deixaria esquecer
Faz parte do jogo, do dado
Tirei o azar, acertei na sorte
Com vida, com morte
Em altos e baixos
Você me foi suporte
E eu te suportei
Pode ser inconstante
Aceitamos um ao outro a todo e qualquer instante
DOS MOMENTOS
Aqueles milésimos
As horas
Incansáveis
Distração
Bons papos
As horas
Incansáveis
Distração
Bons papos
A vírgula no acréscimo
O vácuo pairando em tempo, a tempo, no tempo, há tempo(s)
Ou naquele vento
Naquele ângulo em que te miro
Aquele instante
O seu semblante
As suas falas
Suas manias
Eu te conheço
Tão previsível
Sou também assim visível
Não nego não
Eu sei
As coisas compartilhadas
Os vidros, as pratas
Fumaça e enredo
Lorota e segredo
O som, o medo e o dom
A fé, a pisada, os toques, os tiques
A falha marcada
O perdão
E a mesa
O banco, a cadeira
A conversa ligeira
Não, nada disso passa
A hora retarda
O que trago à peneira
A preocupação da minha memória
Residente das entranhas
Parasita paralisante
Intrínseco aos verbetes
Que anunciam tais lembranças
Está o já interminante
De não se ter e fazer novas memórias
O que temos, era
Vivemos pelo que já vivemos
E somos, porque um dia fomos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário