domingo, 19 de outubro de 2014

Ceuversar

Já chorei tanto
Por todos cantos
De se encher a Cantareira
Quanta besteira!
Quão grande o engano!
Era encanto...


Foi o céu que me disse
Que eu deixasse de tolice
Aquele brilho que eu via era mentira
Logo se apagaria


Ele tudo isso me avisou
Quando eu o avistei
Ele me aconselhou
Como um sábio ancião
Pediu-me que eu parasse de o olhar
Só se fosse para descansar...
Falou que o dia também tem muito o que ensinar
E, assim, as estrelas não mais me prenderiam
O passado passaria
Assim, eu entenderia como interpretar os seus brilhares
E se esclareceria, fazendo-se dia
O que em mim se fez noite


As estrelas são poemas velhos
Desses que os versos já não se leem
Quem os escrevem, disso sabem muito bem


O céu me quis ver novo poeta
Novos ângulos versando
Porque o caminho ainda é longo
Com vistas inéditas a conhecer...


Foi isso que o céu me disse hoje...
Ele se despediu
Fui despedida
Mas me sorriu logo em seguida
Sabia que em breve me encontraria
Me perdendo em seus astros,
Descobrindo novos planetas
E sempre revendo velhas estrelas


Ele me conhece...
Sabe que eu amo navegar
No céu do seu mar
Com anseios no peito,
Meus mais profundos pensamentos
Só nele sei sossegar...


Eu, então, lhe disse adeus
Só por hoje
As luzes das estrelas me incomodavam
Porque ecoavam o que eu queria enterrar
Mentiras que ainda vejo iludida a brilhar
Mas como amigo e terno companheiro,
Ele se dispôs a se fazer dia,
Amanhã vem me acordar
A manhã vai despertar
Quer me reencontrar
Me ver sorrir
Me deixar ir
Me ver versar
Sabe-me a mar

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