Brisa
Carron
Gaita
Chocalho
Coaxar de sapos
Lampião
Em roda, cantamos, sentamos, sentimos,
E agora, cá estamos
Ficamos, restamos.
Ficamos, restamos.
A chuva se reparte:
Uma parte, para no toldo, umedecendo-nos em abraço os braços
A outra nos molha,
Seu gélido escorrer nos cai como frescor
Sobre todo o calor
Das vozes, das histórias, das aventuras
Os olhos se fecham de tanto sorrir
Sai mais chuva
De dentro
De dentro
Conversas nos regam
Nos esperam na noite escura que nos circunda
Nos esperam na noite escura que nos circunda
À grama molhada, ouvimos piares,
- cantares -
Trocamos olhares, o medo é piada
No fim do mundo, num lugar incomum
Ou em qualquer indestinável local
Em outros limites, explorando novas fronteiras
Levamos nossos corpos pra lá estar
Quem nos entende?
- Nada nos prende -
Quem compreende?
- Te surpreende? –
Acho que a Lua e as estrelas, que nos veem, se aproximam
Acho que o Sol que nos marca, se estende enquanto estamos à
rede
Acho que a Mata, ao nos rir, também quer se sentar com a gente
Nos vir ouvir
Como a ouvimos, num contato nem tão próximo, mas o mais
perto possível.
Não tem mau tempo
Porque não há tempo
- não o contamos ou calculamos –
As horas passam... os dias correm...
- infelizmente felizmente -
E como chamá-lo de mau?
Ele é o que é
Assim como, com ele, podemos nos tornar o que nos tornamos
À meia luz
Uma parte nos ilumina
A outra não se adivinha
É o mistério, é a surpresa
É uma fogueira
Em meio a chuva
Gostamos assim...
Se virar tempestade, a gente canta mais alto,
Mais alto ainda, dançamos
Se virar calmaria,
Descansamos à brisa
Secamos as roupas,
Recontamos histórias, causos, cordéis, contos, casos,
encontros, descasos...
Guardamos lembranças.
Fogo e chuva não se enxuga
Não se ensina, não se encolhe, não se escolhe
Chuva e fogo, temos sempre novo e de novo
O que se vê, se acredita, e se é.
- ao toque de fogo molhando
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