Mais uma intertextualidade para a minha vida...
Foi da rosa, que me fiz cativa
Mas também cativei
Pequeno, o príncipe,
Único se fez e,
Ao se partir, chorei
Mas sem haver hora
Como ser feliz?
Sem haver rito,
Como saberei?
Sigo, embora,
Na felicidade de esperar,
Se demora
Amar...
[continuando a aprender com a Raposa...]
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- Que é preciso fazer? Perguntou o príncipezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás
primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o
canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal
entendidos. Mas, cada dia, te sentará mais perto...
No dia seguinte o príncipezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu
vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser
feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às
quatro horas, então, estarei inquieta a agitada: descobrirei o preço da
felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de
preparar o coração... É preciso ritos.
- Que é um rito ? Perguntou o príncipezinho.
- É uma coisa muito esquecida também, disse a raposa. É o que faz
com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras
horas. Os meus caçadores, por exemplo, possuem um rito. Dançam na
quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira então é o dia
maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem qualquer
dia, os dias seriam todos iguais, e eu não teria férias !
Assim o príncipezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou à hora da partida, a raposa disse :
- Ah ! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o príncipezinho, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! Disse o príncipezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada !
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou :
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é a única no
mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um
segredo.
Foi o príncipezinho rever as rosas :
- Vós não sois absolutamente iguais a minha rosa, vós não sois
nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois
como era a minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu
fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda: Não se pode morrer por
vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se
parece convosco. Ela sozinha é, porém mais importante que vós todas,
pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob a redoma. Foi a ela
que abriguei com o para vento. Foi dela que eu matei as larvas (exceto
duas ou três por causa das borboletas). Foi a ela que eu escutei
queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa :
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o príncipezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... Repetiu o príncipezinho, a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a
deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que
cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... Repetiu o príncipezinho, a fim de se lembrar.
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