terça-feira, 15 de agosto de 2017

Alento

Me falta
O descanso da tarde
A rede e a grade
A varanda
A brisa
A maresia
A inocência perdida

Me dói
As palavras sentidas
Soltas
Expostas
Sentidos opostos
Impõem-se em voz
um grito!
Tão alto

Calado
na tarde
se vai...


Minuta

O tempo é essa coisa
Que já não passa da mesma forma
Ele passa e já nem me olha
E eu, mal o percebo
Há algumas horas, já não o vejo

Reina uma paz em tudo
E se há lampejos
Bastam como entremeios
Que se suspendem em meu peito

Volto a respirar
Como se não antes não fosse ar

Tudo permanece
Tempo não acresce
Já me acostumei com a vida
Jamais com a rotina

Assim eu vejo o tempo
Em raros e ralos momentos
Não me atormenta
Só recomenda
E me relembra
Do que foi, do que é
Do que há.

Sobre o estranho que interfere, o mal e nossa ansiedade: a criança queria um Doritos

Uma criança faz birra.
Seu pai não cede.
Um estranho interfere
Vem, dá ao infante o que tanto pede.
O choro para.
Mas tal procedência
não sucede.

Como pequenos,
Em nossos tormentos
Choramos chegando até a esbravejar
O estranho nos fornece
Tão simples, fácil
e, aparentemente, amável
O que estamos a ansiar

Porém o Pai
mui sabe a lição
que nos quer dar

Mais valeria o aprendizado a longo prazo
Do que o desejo saciado por quem não está, de fato, a nos cuidar