sexta-feira, 16 de agosto de 2013

15 de Março de 2013

Neste exato momento, vos escrevo fazendo uma das coisas que mais amo fazer - e antes que os que me conhecem pensem que seja estar viajando, o que não deixa de ser verdade, já adianto que não me refiro a isso e explico - estou olhando o céu. Um céu limpo, estrelado, lindo.

Há exatamente 1 mês atrás eu me encontrava em uma situação idêntica. Há exatamente 1 mês, eu olhava o céu, um céu que está marcado na minha mente e coração para sempre. O céu dos meus sonhos. Era minha última noite em Tromso, na Noruega, onde por 10 noites presenciei um dos fenômenos mais lindos da natureza, um fenômeno que era um dos meus maiores sonhos.

Mas, ao mesmo tempo, há um mês, eu me encontrava em uma situação ironicamente contrária a de hoje. Ao invés de uma noite a 30°C, estava -20°C. Ao invés de cercada por seca, sertão e terras áridas, era muita neve, floresta, mar e águas por todo lado. Ao invés do hemisfério sul, era hemisfério norte. Ao invés de trabalho, era férias...





Hoje reaprendo uma lição que aprendi há exatamente um mês atrás e que, na verdade, Deus tem me lembrado sempre que eu volto meus olhos pro céu - Ele é sim muito Grande, age sobrenaturalmente nas mais profundas causas e nos mais complexos problemas que temos, mas Ele age naturalmente nas pequenas coisas, e está presente na simplicidade, na felicidade do ordinário, do natural, da natureza, da humanidade. Ele me ensina a perceber que graça mesmo não é só poder comer em um bom restaurante, usar uma boa roupa, ter um bom trabalho. É poder experimentar todo dia a comida da mãe, sentar em volta da mesa com a família, com bons amigos, é poder não morrer de frio, poder não esmorecer de calor, é ser util e ter habilidade de falar, escrever, ver, tocar, ouvir, conviver... Não é a balada do sábado, a festinha de quinta, o barzinho de qualquer dia, é ter os amigos pra compartilhar todos momentos. Não é o local onde está, mas como você está. Não é a viagem dos sonhos, é a volta para casa.

Para quem não lembra, há um mês eu fui marcada como a pessoa mais competente em ser loser e conseguir ser assaltada - e ter a mala roubada - num dos paises mais seguros do mundo! Agora, um mês depois continuo desastrada, desengonçada, enfim, sortuda pra caramba... A diferença está nos olhos, no olhar, no compreender que não interessa quem você é, mas sim Quem está moldando como você é...

Deus é Grande, eu sou pequena. Ele vai a frente, eu vou atrás - ainda que tropeçando, às vezes bem distraída - sigo o caminho, olho pro alto e contemplo o que me completa.

E quando me perguntam por que eu amo olhar o céu, digo uma das poucas constâncias da minha vida. Amo olhar o céu, as estrelas e a lua pelas lembranças que me trazem esperança, não apenas as de um mês atrás, mas de toda minha vida, desde quando sentava no quintal com meu irmão mais velho, os inúmeros acampamentos, fogueiras...

Volto meus olhos para o céu pela sensação que me dá: a realidade da minha pequenez diante da grandeza de Deus, fico assim maravilhada e preenchida pela simplicidade da Sua paz submentida e submissa sob a imensidão do Seu poder.

E, por fim, só sei o quão bom é simplesmente ter vida, estar viva, e se sentir viva em abundância (que só a percepção da graça emite no nosso coração).

Boa, linda e magnífica noite!

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