Sim, eu quero
Não, não vivo em fuga
Como dizem por aí
Vivo quem sou
E o que me faz ser assim
É fazer o que faz bem
E faz bem viver bem assim
Mas eu quero fugir
Porque aqui,
Nesse lugar,
Meus olhos embaçam
Meu coração se prende
E acredito, de repente
Que possa haver algo real,
A que se prender
Quero fugir
Porque algo confunde meus pensamentos
Quando estaciono, assim,
A mente
Que só mente
Dizendo querer pertencer
A um ser além do Ser
Quero fugir
Porque é mais fácil
Para eu pensar
E é melhor
De se entender
- eu sei, preciso aprender...-
Quero fugir
Porque a dor da incompreensão
É maior que a da solidão
Que há ao se trilhar por um caminho qualquer
Onde sempre há uma bela paisagem
Onde sempre há uma bela lição
A se aprender
Sem se prender
Aqui, pouco me entendem
Agora ou mais pra frente
Não ouvem
Confundem
Assumem
Só julgam
Suspeitam - ser -
"Videntes"...
Sozinha, não tem erro
- Eu sei, o nome disso é medo -
Receio
De ficar,
Porque ficando
Eu me estabeleço
Em tudo
Por tudo
Por todos
Em todos
De tudo e todos
E me estremeço
Só de pensar
Que posso errar
Que vou falhar
Que vão ver meu tropeçar...
Quero fugir,
Porque aonde eu for
Não há julgamento
Não há expectativa
Só um dia
A cada dia
Não me entendem
Não quero mais me equivocar
Ver outro olhar
Se decepcionar
Não quero ouvir a minha voz
Naquelas antigas discussões
Torturantes
Maçantes
Sem vida
Só picuinha
Não tenho mais paciência
Pra essa ciência
De se enroscar
Duas vidas em uma linha
Quando andando pela vida
Eu já provei e descobri
Que há todo um infinito
pra se amar...
Quero fugir
- Não de alguém
Nem de uma exposição -
Fugir de quem eu fui
De como foi
Que foi em vão
Não quero repetir
O que finou por se partir
Tão bruscamente o coração
Se há uma forma em fazer
Tudo isso funcionar
Todo o meu ser reestabelecer
Uma nova maneira de amar
E caminhar sem temer
Outra presença
Outra crença
Outra companhia
Com ousadia
Há de ser livre
Que seja autêntico
Que toda falha e possíveis erros
Não acabem por acabar
com a esperança de eu me encontrar
Mais uma vez em outro olhar.
E se houver de acontecer
Algo surpreendente no decorrer
Que eu me abstenha de pensar
Naquela câimbra do tanto andar
No vão da vala onde hei de passar
Que eu não recrimine
Os sentimentos
As emoções e os bons ventos
Que outro toque possa gerar
Eis que o que temo há de acabar...
E foi assim
Se foi de vez
Fugiu feliz
Aquele medo
De se deixar...
[amar]
Nenhum comentário:
Postar um comentário