Eu tenho medo
Você tem dúvidas
Eu também tenho
Tenho receios,
Anseios
Permeio nos mais profundos caminhos dos meus pensamentos
Anelando a chave
Que resolve a charada
Dissolve
Nossa breve estrada
E à porta,
- passe um, passe os dois -
O que importa há de ser que depois
Só haverá uma estada
Um campo a correr
Uma paisagem em que se perder
Um horizonte, pra que lá longe
Num fim de tarde, o Sol se esqueça
E, assim, se deixe,
Aqueça, se achegue
Como um aconchego no peito
O silêncio da natureza,
Quietude, paz e proezas
E já no pernoite, poder-se-á deitar à rede
Olhar, da varanda, o céu
Sorrir das tolices mais tolas que se fez
Durante o dia que se teve
E viveu - realmente vivendo -
Apreciando um bom chá, um bolo, um vinho, um queijo
E se acompanhada, cochichar em sussurros
Descansar num abraço seguro
Mas se sozinha estiver
Se a chave só um deixar ir
Que seja você!
Eu já fui feliz
Sei o que é viver lá
Como se vive já
Onde as dores se tornam flores
Onde os medos viram enredos
Histórias de se ouvir ao estalar de uma fogueira
Com o coaxar dos sapos à beira do lago
E o calor do fogo trazendo conforto
E, sem reparar, já se está a cochilar...
É, pensando bem,
Quero que vá você
E veja tudo isso...
Não tenha em ti nenhum impedimento
Sozinho lá não se fica, nem se sente, nem se existe
É bom encontrar solitude
É uma grande virtude
E, assim, eu espero
Se houver de passar nós
Te encontro logo após
De tudo isso provar
Mas, se não, que sua noite vire dia
Eu já fui feliz, quero mais é que sua vida
Se siga, aconteça, que você sempre sorria
- com esses olhos, que hão de ver muito, muito mais
de tudo que é mais extraordinário,
Do mais doce mel
Ao mais doce luar
Da mais linda viagem
A mais 'desfolegante' paisagem
Das estrelas assim que a noite caia
Até a mais exuberante praia
E se, algum pequeno, sucinto momento
Como uma picada de solidão
Uma saudade em beliscão
Sentires, e fizer você de mim lembrar
Respire o ar, feche os olhos
Sinta eu chegar
Pois bem capaz que eu não mais exista nesse Plano
Mas em sonhos posso sempre te visitar.
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