quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Ca[lentá]rio



Eu paraliso em frente ao calendário
Passo os olhos nas datas, marco horários
A frente, minha agenda eu risco
Arrisco o futuro em um tracejar de
Rabisco, de caneta
Com a tinta da certeza. Certeza?

Que homem pobre sou eu!
Que criatura orgulhosa me faço!
Tampouco toco o Espaço
E do tempo, um deus me acho.
O que eu acho?

No piscar dos olhos não escondo
Eu temo, eu sei, inconsciente que sou
Eu percebo a inconstância, a impermanência
A fragilidade que me cabe, em que me caibo
Todos os dias, cada segundo, o mero suspiro do presente
É sutil, e os meus cílios sabem e caem e morrem
Dorme, anseio meu,
Pára de ser deus
Pare de reinar, se encantar com o que não é teu...

Sem destino, eu matino
E, hoje, cedo acordei
Sem mais tentar ser rei
Quis só ser, deixar estar
Quão pesado me foi o ar
Mal me pertence respirar
Que tonelada!
Achei jornada, sem querer despertar
Triste que estou, cabisbaixo
É a dor do impacto
O corte da verdade
A distância que chega tão rápido
Da proximidade que se alcança
Quero ver...
Quero enxergar sem chegar!
Será que chego?




Abro os olhos sob o mesmo teto todo dia
Tudo outra vez...
Acordo, um tapa no relógio a mente tá vazia
São dez pras seis

Hoje a morte do meu ego tá fazendo aniversário
Será que eu vou chegar
Chegar ao fim de mais um calendário?

Eu não sei
Eu não sei
Eu não sei
É tudo sempre igual...

Disseram que o Teu amor é novo a cada dia
Eu pensei
Quero ouvir a Tua voz falar o que eu queria
São dez pra seis

Se é pra Te servir e então matar aquela velha sede
Se é pra Te seguir e nunca mais cair na mesma rede

Eu vou
Eu vou
Eu vou...
Te seguir


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