Meu medo de me acostumar...

Todo dia eu durmo, acordo, escovo os dentes, arrumo a cama, tomo banho, faço minhas refeições, procuro comer verduras e frutas, cumprimento as pessoas, entro na internet, leio, oro... Enfim, realizo os meus hábitos.

MAS por que nós temos hábitos e costumes?
Por que nos acostumamos em fazer algumas coisas?

Estava pensando essa semana no quanto nós automatizamos algumas coisas na nossa vida  e me veio essa pergunta: por que nos acostumamos? Por que o ser humano tem essa capacidade de se habituar?

Será que Deus queria que a gente prestasse atenção em outras coisas? Eu aprendi na pós esses dias, estudando o desenvolvimento humano, que quando somos crianças prestamos atenção com bastante foco em cada ação que realizamos porque precisamos desenvolver habilidades do tipo: aprender a escovar o dente, a se pentear, a andar, a comer sozinha, a se vestir etc. Mas, em certo estágio, passamos a automatizar essas atividades. Hoje, conseguimos pentear o cabelo pensando no que vestir, que horas são, o que falar e muitas outras coisas. Não precisamos mais nos focar tanto, porque já nos habituamos àquela ação.

Vendo essa automatização como desvinculação do pensamento, penso em outros costumes: nos acostumamos com alguns discursos, algumas situações, com opiniões, com conselhos, com companhias, com conversas, com pessoas, com defeitos, com nossa rotina... Nos habituamos a fazer algumas escolhas...

Mas por que fazemos as coisas se tornarem comuns?!

Com o que eu tenho me acostumado?

O que tenho ouvido, falado e feito?

Eu devia ter me acostumado?

Acho que a grande questão é que se acostumar implica na mecanização do pensamento e das atitudes. Nós deixamos de pensar - o período de refletir sobre aquele ato já passou...
O bom é que, eu acho que, sempre dá para repensar e retomar e refazer e re-refletir...

MAS em algum ponto, considerando o fator social, passamos a nos conformar, tomar a mesma forma, nos moldar... E aí?! Será que tudo que me tem moldado está 'nos moldes' que deveria? Não sei...

Quanto a automatização do pensamento nos faz agir, pensar e influenciar as pessoas roboticamente, sem termos sempre claro os nosso objetivos e as nossas motivações, aí que complica...

- Saúde!

- Perdão! Desculpa!

- Com licença!

- Obrigada!

Quantas das nossas falas não transparecem nossos hábitos e o que fazemos...
Quantas de nossas ações não transparecem o tipo de pessoa que somos...

Mas será que sou mesmo? Será que sempre que eu agradeço estou grata? Será que sempre que eu peço perdão estou arrependida? Será que os meus votos são sempre desejos sinceros?

Meu medo é me acostumar com o que não devo, com o que não acredito, com o que não quero... Não quero me acostumar com as pessoas que amo, quero sempre valorizá-las. Não quero me acostumar com minha rotina, quero fazer minhas atividades de corpo presente. Não quero me acostumar com maus hábitos, quero me cuidar, cuidar dos que amo...

Será que as atitudes e os pensamentos aos quais me acostumei ter são verdadeiramente o que eu SOU, QUERO e CONCORDO? Será que tenho dado a devida importância ao que realmente tem valor?

E, para você? O que tem sido comum?

O que está passando aos nossos olhos sem percebermos?
O que temos reproduzido e do que temos participado?

Muitos se mostram inconformados, mas o país não vai pra frente.
Muitos se mostram descolados, mas, nas dificuldades, revelam o quanto estão desestruturados.
Muitos tem falado tanto, mas feito nada.
Muitos como eu, como você, como todos nós...

O que SOU?
O que FAÇO?
O que devo me acostumar?
Com o que não devo me conformar?

Sei que o que eu FAÇO são hábitos, mas o que SOU carrega a forma a qual me moldo.

 Quem me ajuda nessa caminhada tem sido Deus. Ele me ajuda a abrir meus olhos para coisas simples e valorosas, mas sei que esse processo é para sempre. E o bom é que nunca fico parada, mas vivo como uma 'metamorfose ambulante', porque a transformação que Ele faz em mim é diária.

Meu desejo é nunca me conformar com o que é mau e me acostumar a depender de Deus para abrir meus olhos.

Assim, tenho hábitos, mas sou moldada.

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Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.

Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus;
(1 Coríntios 15:33-34)

E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.

Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação
Romanos 12:2-3